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Mostrando postagens de setembro 13, 2009

Platéia

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Estou sempre em mim mais tempo do que eu gostaria Procuro uma desculpa para não estar Não que seja desagradável estar em mim Mas minhas dores me espremem Estou sempre tentando racionalizar sentimentos E na balança sempre sobra desconforto Estou sempre tentando me perder da minha não origem Mas antes eu não era assim Acreditava que o ferimento com um sopro sarava Acreditava que era impossível não ser querida Estou sempre tentando buscar aquilo que me foi negado E compreender a negação. Estou sempre de malas prontas como quem espera algo E não parte Porque acredita que alguém vai chegar Eu. Platéia solitária de mim e de meus pequenos feitos Retorno sempre para o banquinho frio dentro da minha alma E não espero piedade, muito menos salvação. Posto que não acredito em deuses. E os ferimentos não saram, gangrenam. Dalva Foto by Oswaldo de Abreu Filho

Crepúsculo

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Quando as folhas secam e o céu parece descascar Tudo é aridez e aspereza. Quando meus olhos não conseguem mais umedecer Tudo se distancia e desaparece Quando a sombra dobra o caminho do esquecimento Minhas mãos tremem de medo De o frio gotejar do tempo escorrendo pela janela Quando meu grito se perde no vazio das pupilas opacas Tudo deixa de suspirar diante do doce crepúsculo Quando a poeira prateada e translúcida da lembrança sufoca Tudo muda de forma, muda de tonalidade. Quando eu chamava com sussurros entrecortados por soluços Tudo estava vazio de você Quando você separou a nossa estrada Tudo era solidão e desencanto Quando ainda assim, sua memória resistiu. Tudo se perdeu para sempre. E só restaram os crepúsculos. Dalva Foto by Oswaldo de Abreu Filho